Se você der uma olhada na App Store hoje em dia, encontrará a maioria dos aplicativos e jogos como "gratuitos", mas no momento em que você os abre, eles te importunam com algum tipo de modelo de assinatura.

Quem teve essa ideia?

É difícil imaginar que há pouco mais de 10 anos a Adobe apostou forte na tendência e passou a cobrar mensalmente pelos seus produtos.

Não era mais possível comprar versões empacotadas do Photoshop, que eram suas para sempre. Em vez disso, você pode assinar diferentes aplicativos ou suítes individuais.

Com o tempo, a Adobe também percebeu que a melhor maneira de aumentar o valor de seu software não é simplesmente cobrar por ele como um serviço, mas aproveitar o fato de estar vendendo um serviço para repensar a maneira como seus produtos são realmente usados.

Como consumidor desse software como serviço você leva:

  • Um aplicativo sempre atualizado, sem precisar esperar grandes versões para receber funcionalidades.
  • Uso indiscriminado em qualquer plataforma (seja Windows, iPad, etc.) sem precisar pagar extra.
  • Arquivos sincronizados via nuvem.

O Netflix também começou com uma proposta de valor inovadora:

  • Conteúdo (praticamente) infinito por um único preço.
  • Sem necessidade de esperar um programa começar como na TV a cabo.

Quando qualquer empresa se acha no direito de cobrar assinatura

Em condições “normais” de uma sociedade capitalista, concorrência é saudável para consumidores e diminui os preços de serviços e bens. Dada a demanda insaciável por melhores retornos trimestrais a qualquer custo, um número crescente de empresas parece determinado a espremer até o último centavo de clientes outrora satisfeitos.

Para muitas empresas, isso significa pegar um recurso que era gratuito ou já pago como parte do preço de varejo do dispositivo e encaixá-lo em um nível de assinatura. Até o banco aquecido de um carro BMW é um serviço de assinatura extra. E mais montadoras estão querendo entrar na onda.

Ao longo da última década, o próprio significado de "propriedade" e "posse" mudou — muitas vezes para pior. Na era da conexão banda larga, atualizações de firmware podem eliminar funcionalidades prometidas no lançamento, como vimos com o PlayStation 3. Ou uma impressora HP automaticamente bloqueando o uso sem assinatura?

Até mesmo gigantes que historicamente vendem produtos que você compra raramente, como a Apple, estão investindo pesado em seus serviços por assinatura.

E exatamente por essa constância e previsibilidade de receita que observamos bizarrices como o Elon Musk cobrar por verificação no Twitter, ou acesso a API.

Mas justifica cada estúdio de entretenimento querer lançar um streaming? Pesquisa da Deloitte observou que nos EUA, 44% das pessoas que assinam um streaming cancelaram após seis meses. Essa métrica é chamada de churn em marketing e só para efeito de comparação, a Netflix historicamente possuía 2,4% de churn.

Assinaturas com moderação fazem sentido

Conforme amadureci meus fluxos de trabalho, encontrei alguns softwares sem os quais simplesmente não consigo viver. Alguns exemplos incluem Fantastical, Ulysses e Superhuman.

Se estou procurando um aplicativo para iPhone que apague fotos duplicadas e descubro que preciso assinar para entrar no próprio aplicativo, simplesmente vou excluí-lo e procurar em outro lugar.

Sem ofensas, mas se me interessei por um aplicativo, mas ele está vendendo assinaturas, nem considero. Não estou passando nenhum julgamento sobre o próprio aplicativo, é só que tem muitas coisas me pedindo R$15 por mês.

O barato sai caro?

Novamente, não vejo problema em assinar se for algo que seja inestimável e não possa ser substituído. Ou adiciona muito valor.

Já passei por uma fase onde assinava 5 aplicativos de produtividade, 3 streamings, 3 jornais e 5 newsletters. Quando percebi a realidade, me senti enganado (e burro).

Quando vejo valor em usar os aplicativos acima que mencionei para tornar minha vida mais fácil, não me importo em pagar a assinatura. O valor em produtividade é alto.

Outro exemplo brilhante foi o programa iPhone para sempre, do Itaú. Simplificando: é um programa de assinatura que praticamente garante um iPhone novo a cada dois anos. Em contrapartida, é preciso pagar aproximadamente R$200 por mês.

Economicamente faz sentido.

Tá, então faz o quê?

Existem outras estratégias de monetização disponíveis. Dá até para combinar várias.

  1. Pagamento por uso: ótimo para tarefas esporádicas. Porém, dependendo do uso, pode ficar desfavorável para o consumidor.
Um software que procura arquivos duplicados poderia se beneficiar desse modelo, a média de usuários não faz isso frequentemente para justificar uma assinatura.
  1. Preço por volume: Para quem usa pouco. Porém, pode ser um modelo punitivo para os usuários mais ativos, que consequentemente pagariam muito mais.
Eu adoraria pagar para ler “10 matérias na Folha de S. Paulo” (que leio pouco) ou minutos de vídeos na Netflix (que mal uso) em contraste ao modelo atual.
  1. Compra vitalícia: funciona se o usuário acredita no produto fielmente.
Confesso que comprei a assinatura vitalícia do Headspace (de meditação) simplesmente porque uso muito, fazia sentido no longo prazo. O Photoshop antigo usava essa estratégia (em cima de versões), pagava-se uma vez por uma versão que ia durar um bom tempo.
  1. Assinatura com teste grátis: a rota de assinatura é recomendada para conteúdos e atualizações constantes valiosas para o consumidor. Mas ofereça um teste grátis. Confiando no usuário com alguns dias na faixa, faz ele aumentar a confiança em você e talvez assinar.
Um periódico com atualização constante. Um software que gerencia calendários ou streaming com minhas séries favoritas são bons exemplos.

Elas não são exaustivas. Só queria manifestar que há, sim, maneiras diferentes.

Cansei de assinaturas.

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