Recentemente ando obcecado por filosofia. Como qualquer millenial de respeito, começo aprendendo pelo YouTube e, se me interessar, aprofundo em livros.

Algumas partes da história são repetitivas, só mudando o personagem. A ideia por trás da identidade (self), por exemplo, foi interpretado por Sócrates, Descartes, Locke, Hume e Platão.

A repetição de comportamentos humanos durante a história não é nenhum segredo se você se interessa por história, mas acho importante lembrar, porque nem toda internet curte.

Estava particularmente interessado em dilemas éticos em relação à tecnologia.

Aparentemente é um dos impasses mais antigos da civilização e só eu não sabia! Começou na mitologia grega com Prometeu dando fogo (a tecnologia mais avançada em 650 a.C.) à humanidade e sofreu consequências por isso.

A história tem muitos exemplos de pessoas que não se davam bem com avanços tecnológicos. O próprio Sócrates se recusava a escrever com medo que papel capturasse seus pensamentos. Quando a eletricidade chegou na casa branca dos EUA, o presidente se recusou a tocar nos interruptores.

O rádio, que se popularizou na década de 1920, foi visto com preocupação por alguns que temiam que ele pudesse diminuir a leitura e a escrita, atividades que eram vistas como benéficas para a sociedade.

A imprensa, também provocou temores. A capacidade de produzir livros e outros materiais impressos em massa levantaram preocupações sobre a disseminação de ideias potencialmente perigosas ou subversivas.

Te desafio a adivinhar que tecnologia os trechos abaixo estão comentando:

“Hoje em dia, o mundo chega até nós sem que precisemos sair de casa. As informações e acontecimentos nos encontram”
Nenhum método de despersonalizar o indivíduo é mais eficaz do que aquele que finge preservar os direitos da individualidade. […] A manipulação é realizada separadamente para cada indivíduo, na solidão de seu lar, em milhões de lares isolados [...] Pois é disfarçado de “diversão”; […] e como o deixa com a ilusão da sua privacidade ou pelo menos da sua casa privada, permanece perfeitamente discreto.

Essas reflexões poderiam ser facilmente interpretadas no contexto da influência de celulares nas nossas vidas. Mas é uma crítica a popularização das televisões em 1956.

É muito mais fácil rotular o incompreensível como irreal, inautêntico, fake news, etc.

Quero deixar claro que não tenho uma visão idealista em relação à tecnologia. Devemos, sim, mapear os riscos da inteligência artificial, mas sinto que muita atenção está indo para uma hipotética ameaça existencial, enquanto privacidade e segurança já são ameaças tangíveis.

Já sabemos — através da revolução industrial — que leva décadas para que avanços tecnológicos façam diferença na economia agregada. Será que conseguimos desenvolver alguma estratégia para evitar o mesmo impacto com IA?

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